07 novembro 2013

note nº21


I know how you feel
I'm here
"I'll be there for you"

And no need to call, anyway, I'm on your side.

03 setembro 2013

Fuga nº 4 Changchun

photo: Nathy

Lembro daquela peça de teatro que foi baseada num conto do Caio Fernando Abreu. Naquele exato momento em que os atores fazem um exercício corporal de ir de encontro e desviar, desviar e ir de encontro e sempre, sempre, sempre ligados.

Sem cair no chão.

Isso me faz lembrar automaticamente de várias vezes que fui ao teu encontro, você veio até mim e sei lá, desde sempre estivemos ligadas. E sem mais precisar cair no chão. Exceto daquelas vezes em que rolávamos no chão de tanto rir. Rir até chorar. Rir até doer a barriga. Rir até faltar o ar.

Rir até perceber que só rimos assim quando estamos juntas.

Tem sido difícil ter o nosso tempo, acertar os ponteiros, os assuntos, as loucuras, as angústias... Os velhos cafés. Talvez o tempo - destino ou seja lá o que essa vida for - tenha sido criado por uma "criança que tomou LSD". É uma sensação de que o tempo passa muito rápido e ao mesmo tempo está parado. Nesse álbum novo do Cícero da pra ver isso.

É aquele fim de tarde que sempre íamos pro bosque, ver o pôr-do-sol, uma música tocava de leve (com certeza era um prelúdio desse álbum do Cícero), uma cerveja pra molhar a garganta e um desejo no fundo do nosso peito de fazer várias coisas, de gritar pro mundo que queremos ele inteiro, de correr com o pé no chão, arranhar um violão, rabiscar um poema num guardanapo qualquer, de ser quem a gente quiser.

Mas é tão difícil ser quem a gente quer.

Acabamos ficando estáticas nesse fim de tarde de sábado, cada uma na sua cidade, uma dorzinha no peito, lutando pra fazer um pouco do que gostamos, tentando achar nosso lugar no mundo.

Mas sem cair no chão.


10 agosto 2013

Onze



Aquela conversa toda de não se apaixonar por não ter tempo pra outra pessoa é a conversa mais fiada que já tive em toda essa vida.
E de flores de guardanapo do bar partimos para as bem vermelhas e com perfume melhor que o das cervejas. E promessa nenhuma é feita. Não é necessário. Um olhar, um toque. Ficou selado em nós o que toda a humanidade procura.
Os versos que te escrevo ainda não são capazes de demonstrar todo esse amor que transborda pelos meus poros atrás e por ti. Então, através de outras mãos e corações tento te alcançar. De todos os meios possíveis. Sejam eles flores de guardanapo, de verdade, bombons, churros, fotos, poemas quebrados, trocados, bagunçados, leões descabelados.

"A minha herança pra você é o amor capaz de fazê-lo tranquilo, pleno, reconhecendo no mundo o que há em si.
E hoje nos lembramos sem nenhuma tristeza dos foras que a vida nos deu. Ela com certeza estava juntando você e eu."

19 junho 2013

"Não somos muitos mas também não somos fracos"


Nós chegamos na praça ontem sem esperar muita gente. Ficamos sabendo do manifesto pela manhã, improvisamos cartolinas e xerox. Manhã e tarde dedicadas a divulgar o Ato, em rabiscar cartazes, enviar mensagens para amigos, conhecidos e qualquer um que nos dedicasse o mínimo de atenção.
Já no final da tarde lemos uma matéria na Folha de Boa Vista sobre o Ato. Não ficamos lá muito felizes. Isso de nomear boi e etc. É claro que precisamos de um porta-voz (veja bem, não um líder), mas esse porta-voz não precisa se promover. Ninguém precisa ou deve se promover. Mas espero que estejamos no caminho certo. Em construir o Brasil que queremos. Estamos espalhados e unidos ao mesmo tempo. Temos várias causas por que lutar e podemos apoiar outras tantas, mas o mais importante é nos manter unidos e sem destruir o que ja temos. É um pouco difícil, mas não é impossível.

Hoje vai haver manisfesto de novo, amanhã também e assim por diante. Não há mais volta e se voltar, será uma vergonha. Mas não há mais volta. Pra nenhum lado.
Nosso amigo Lucas Noronha gravou e editou a manifestação de ontem, assistam e juntem-se a nós: Manifesto Segunda #vemprarua #rr18j


E pra finalizar, tem esse vídeo muito esclarecedor. Espero encontrar vocês hoje, amanhã, sexta e principalmente no sábado. "Não somos muitos mas também não somos fracos". Não somos muitos mas somados ao resto do Brasil, somos uma nação!

16 junho 2013

Nosso quintal é o mundo

Nossas peles grudadas no calor, no frio, na água do rio que buscamos todos os domingos. Uma busca por sanidade nos cafés pela manhã, nos almoços improvisados e nas idas ao teatro.
Nosso quintal é o mundo.

Aprendi isso contigo no teu sorriso de malandro que tanto adoro. Nos teus trejeitos de ombro, nas respostas rápidas e despedidas formais nos emails. Nos vários cigarros, nas caminhadas. Nas longas caminhas. Nos submarinos e nos cassinos que nunca fomos. Nas massagens e piadas que construímos apenas num olhar.
Adoro nos imaginar velhinhos, as paredes cheias de lembranças de várias viagens. Fotos e mais fotos. Filmes e mais filmes. Livros e mais livros. Teatros e mais teatros. Abraços e mais abraços. E aquele cafuné que adoro fazer na sua barba.
Nosso caminho permanece lado a lado e quero que continue assim. Com a gente inventando tempo pra um café&cigarro debaixo da sombra de bambus.
Sem você não dá pra manter a sanidade, Claudir. Feliz aniversário, amigo-irmão.

06 maio 2013

Polaroid

As vezes eu tenho vontade de me colar em ti. 
Com cola, fita, adesivo, 
qualquer-coisa-que-cole-pele-a-pele.
"Ô moço, tem alguma coisa que cole pra sempre?"
"Mas colar o que, senhora?", dizia o atendende da loja de materias de construção.
Nunca falei a verdade, claro.
Cole GENTE, cole PELE, cole BOCA.
Tem não.

Dia sim/dia não eu me pergunto de onde é que nasce, cresce e cresce e cresce só cresce esse negócio bonito que eu sinto por ti. E até quando vai crescer. Até aonde. Tem um limite que ainda não descobri?
Não sei.
Não importa.


                                                    tu.




"É medo e presunção acreditar em limites.
Não existem limites, nem para os pensamentos... nem para os sentimentos."
Sonata de Outono - 1978








02 maio 2013

Recado do Tom et all.

Era pra te dizer ontem, mas acabei esquecendo. O barulho do jogo atrapalhou e o Oskar não parava de falar da nova série que será sobre os contos do Edgar A. Poe. Fora todo o papo sobre visitar cadeia pública e as classificações que os gays dão às lésbicas. Mas isso não vem ao caso, o que importa é que Tom, Elis, Caetano, Vinicius, Adriana, Roberto, Ivete e até o Chico que não sabe cantar direito deixaram esse recado aí em cima.
Todos bêbados recortando revista pra fazer esse recadinho pra você. Sinceramente, acho mais prático te mandar sms, rabiscar um guardanapo, enviar um email, publicar no seu facebook, ou uma mention no twitter. Mas eles não, queriam recortar papel.
A verdade é que eu estava junto com eles. A idéia foi minha. Você sabe que tenho vergonha de admitir essas coisas.
Mas quando te vi ontem, com aquele sorriso que aquece a alma e dá uma calma que só é completa quando te abraço.
Que bom que você voltou, cachinhos. Bora tomar uma cerveja e ver o pôr-do-sol?

26 abril 2013

no alarms


Te chamei pra um café mês passado.
Tu não pode ir.

Te chamei pra uma cerveja essa semana.
Tu tinhas compromisso.

Te chamei pra qualquer-coisa-um-filme-um-papo-um-giro-por-aí.
"Vou viajar amanhã", tu disseste. "Quero ir de avião, olhar as nuvens. Nos vemos depois?"

Eu disse sim.

Comprei todas as vagas do avião, pro destino que você queria ir, pra ver se assim nós nos esbarrávamos por aí.

Tu foste de trem.

15 abril 2013

"Não há limites, Fernão?"


Li sobre A história de Fernão Capelo Gaivota durante o ensino médio. Tempo esse em que eu vivia na biblioteca. Bom, eu ainda vivo na biblioteca. (mas intercalo em mesas de bar).
Hoje reencontrei o livrinho enquanto olhava a estante de livros de um professor-amigo, ou amigo-professor. Li durante o horário de almoço, meio que relembrando as falas, meio que tentando encaixar minha vida na de Fernão Capelo Gaivota. É uma leitura rápida e com fotos lindas de gaivotas. (se não lestes, faz o favor de ir atrás).
Mas não precisa ser necessariamente uma leitura rápida. Pelo menos não da primeira vez.
Fernão Capelo Gaivota divide-se em três partes, já a minha vida divide-se em tantas. Não sei quem disse que Fernão é "um hino à liberdade". Mas está lá na capa do livro, junto com outras frases que se não fossem as fotografias de Russel Munson, eu jamais teria lido o livro. (mentira, se alguém de confiança indicasse, eu teria lido sim).
E é basicamente sobre isso. Sobre a liberdade. Dá pra criar muitos debates acerca da liberdade, mas o ponto essencial aqui é:

" - Por que será - interrogou-se Fernão - que a coisa mais difícil do mundo é convencer um pássaro de que é livre e de que pode prová-lo a si próprio se se dedicar a treinar um pouco? Por que será tão difícil?"


Eu me pergunto isso quase todos os dias.

01 abril 2013

Nota mental


Parte I: Angela 
(2:51 da madrugada de domingo)

Deu pause no filme, assistia La Science des Rêves, de Michel Gondry, pensou "Angela vai adorar esse filme", e escreveu com caneta azul na palma da mão: filme Angela. E viu ao restante do filme. 



Parte II: Marianne
(3:03 da mesma madrugada de domingo)

"Preciso anotar tudo o que tenho que fazer amanhã" não tinha papel, anotou na coxa esquerda, um pouco acima do joelho, com um marca-texto pink: ligar Marianne. Pensou um pouco mais nos outros afazeres. "Amanhã organizo o resto, isso basta." E dormiu minutos depois.



27 janeiro 2013

Cloud Atlas

"- eu tive um sonho. Foi a noite em que o conheci. 
No sonho, havia o nosso mundo, e o mundo era escuro... 
Porque não havia pintarroxos e os pintarroxos representavam o amor.
 E por muito tempo, só havia a escuridão. 
De repente, milhares de pintarroxos foram soltos, 
e vieram voando, trazendo uma brilhante luz de amor...
 Seria a única coisa que faria alguma diferença. E fez."

Blue Velvet, 1986

Meu corpo resolveu desacelerar. A vida, o que ela representa hoje, não pede tanta correria. Sei que vou contra a maré. - E logo eu que não sei nadar-.
Tão cedo nos ensinam que a vida é uma competição. "Que o mais fraco é alimento do mais forte." Que conhecimento é tudo. É poder. E somente o poder traz conforto.
E se nossa educação fosse feita de um jeito diferente?
Algo onde a Igualdade fosse levada como um princípio, base, terra firme.
Conhecimento não é tudo, poder não é tudo e o conforto há de vir primeiro de dentro. Pois não há coisa melhor quando sentimos que dentro de nós está tudo tranquilo. Não exatamente em ordem, mas calmo. Aquele velho conceito de paz que tanto andamos atrás.
E ao sentir isso, nosso corpo reflete de tal modo a atrair outras pessoas. 
...
Sendo cada um de nós, fraco e forte, feito ondas. Nunca uma coisa só. Pois nunca fomos um só.
Estamos interligados. Somos apenas energia. Pontinhos de luz, um atraindo ao outro. É uma energia tão forte e há tanto tempo esquecida que para descrevê-la, posso dizer ser uma mistura de amor com gratidão. Algo tão forte e tão bom não deveria ser deixado de lado.

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Esse texto terá uma continuação, mas primeiro suas bases precisam ser fortalecidas.

Gracias pela atenção,

Ágda.

15 janeiro 2013

Salve o puto!

Uma professora só.
Uma andorinha só.
E nenhuma das duas
consegue fazer verão.

E muitos verão
Que fora dos livros.
É que habita o saber
De boa qualidade.

E de verdade
ninguem consegue viver
E de mentira
não dá pra ensinar.

Somente graças aos livros
podemos atravessar o mar
sem precisar pagar
Aquele puto que não há.

06 janeiro 2013

tout va bien

Jack, 
quebre as economias do porco e bota a mochila nas costas. É isso, irmão. 
Esse ano tá sendo uma loucura, cheio de lágrimas, de bolsos vazios, de amigos distantes, de línguas diferentes, de longas caminhadas sozinho. Mas eu experimentei uma cerveja belga na Bélgica, cara (comprei uma pra você, mas... enfim, te conto pessoalmente), e fui naquele café francês, do filme francês que você adora, aquele com a personagem do cabelo curto, não me lembro o nome agora.
Passei um bocado de frio também, Jack, mas eu digo um frio-não-físico. Digo o frio de enfrentar um monte de coisas pela primeira vez, e na droga da companhia de mim mesmo.
Mas deu certo, isso eu te digo, deu certo.
Molhei o último postal que ia te mandar, e, pasme, essa carta é a maneira mais fácil pra mim de me comunicar, vendi o celular (depois me lembre de te contar dessa história também!).
Meu trem sai daqui a 10 minutos e eu tenho que me despedir agora. Ouvi falar que esse trem passa ao lado de uma estradazinha, no meio dessas florestas que a gente só vê em filme, acho que vai ser uma viagem bonita, vou tirar umas fotos pra você.
Me espera daqui a um mês, naquela esquina que tem o boteco do seu João, certo? Devo chegar no final da tarde. Vamos ver o pôr do sol.



Sal.


"Continuei, como fiz toda a minha vida, quando as pessoas se interessam por mim.

As únicas pessoas que se interessam por mim são os loucos.
Os que têm loucura de viver, a loucura de falar. Os que desejam tudo a um só tempo.
Quem jamais é tedioso, nem diz trivialidades.
Mas que arde, 
arde, 
arde 
como velas romanas pelas noites."
(On the Road)