29 setembro 2011

Embrace my heart and stay



- NÃO, EU NÃO TENHO QUE ACEITAR NADA!
- Calma, Letícia. Não grita comigo, por favor.

Parecia até que as nuvens, clima, deuses ou quem quer que seja responsável por fazer chover, parecia até que sabia, que sentia, que via todo o desentendimento daquelas duas almas. Chovia tanto que o céu era uma grande massa negra e uniforme.

- Desculpa. Eu... Tu sabes que não era minha intenção..
- Tudo bem. Eu se...
- Porque tu tens que ir mesmo?
- Lê, a gente já falou disso tanta e tantas vezes.
- Eu amo você, Ed.
- Eu amo você também, Lê. Bem, bem muito.
- Então pra que diabos tu vais me deixar aqui? Porque? Como assim tu...
- Uma vez um amigo meu me perguntou se abandonar tudo era um ato de coragem ou covardia. Na época, eu não soube responder. Mas eu tenho a resposta dele, hoje. Pra mim, se tu vais atrás do que tu queres, se é o que, nem que seja só na tua cabeça e tu estejas completamente errado, e só se foda, só se arrependa, mas se for o que tu sentes que é o certo a fazer, sentes que chegou a hora.. se for assim, é uma coragem gigantesca. Uma coragem que poucos tem. Porque tuas coisas, livros, dvds, roupas, isso aí você dá um jeito de levar. Mas a parte que r e a l m e n t e importa, as pessoas, essas vão ficar. E é isso que dói.
- Eu..
- Tu mesma tiveste o teu tempo. Deixou tudo, foi embora, tu, um lenço, um documento..
- Haha, engraçadinho. --' É diferente...
- A motivação é a mesma que a minha.
- E o resto? E todo mundo? E eu?
- Os amigos, eu digo AMIGOS, vão estar quando eu voltar. Você também, eu sei.
- Eu vou.
- Fica, vive e faz o que tu tiver vontade. É isso que eu vou estar fazendo.
- E em seis meses você volta...?
- Em seis meses eu volto.
- Nossos caminhos estão se separando, Ed.
- Estão, por hora. O que tu ainda não percebes é que o meu, apenas alguns quilômetros depois, faz uma curva brusca. E encontra o teu.


12 setembro 2011

Curvas e até Ladeiras

E a gente ia, seguia sempre olhando as estrelas, sentindo o vento bater de leve no rosto, ouvindo os acordes do violão que já iam longe, tentando segurar com a ponta dos dedos a memória dos risos...
Dançando com o vento. Era assim. Dançando com o vento.
E indo, sempre indo. E tentando, sempre tentando de algum modo, levar todo mundo com a gente pra onde íamos. O meu todo mundo, o seu todo mundo, uma mistura de mundos que se complementavam não perfeitamente, mas do modo que convinha, todos dentro de uma conchinha feita por nossas mãos. Protegidos talvez de nós mesmos, de nosso amor, de nossos medos. Mas protegidos.
E se olhassemos pra cima, haveria tantas conchinhas nos englobando, tantas, tantas que quase não haveria céu pra apreciar. Mas eles sabem, o amor diz pra eles que o céu gosta da gente. Sim, ele gosta. A gente também.
"O nosso andar vai junto, porque os meus pés são os seus e os seus estão nos meus pés."
E sem exigir nada, sem exigir tudo... A gente vai indo.
Pra'qui, pra'colar o amor em tudo que é lugar. Pra mostrar que hora não existe, só o vento. E a gente vai indo, olhando as últimas estrelas que saem antes do nascer do sol. Iguais a gente na rua, o som, o vento, nossos pés, por curvas e até ladeiras. Subindo, descendo, pulando, rindo. Indo. Sem se preocupar com a hora, com o que há de se fazer depois. Indo, rindo, indo, subindo até o céu da boca. E indo, numa algazarra sem medida, por vezes acompanhada de preguiça. E indo. Rindo junto.
E levando todo mundo numa música, numa blusa, num beijo na bochecha, Pra'qui, pra'colar o amor em tudo que é lugar.

06 setembro 2011

Wake Me Up When AGOSTO Ends

Pense num mês em que cada segundo durava uma semana, que quando um copo ia cair no chão, levava 15 dias pra atingir o percurso e se espatifar, que o almoço de domingo legou 8 domingos pra ficar pronto, que a água pro chá colocada no fogo às 8hrs, só foi ferver às 22hrs...

Setembro começou hoje e a felicidade veio banhada de café.

*Foto de Daniel Lira*