21 dezembro 2011

Te extraño, cariño


Eu abri minha vida pra ti. Abraço-te forte, porque só assim o dia começa bem. Eu desenhei teus olhos. Barcelona te aguarda.Eu puxei teu cabelo bem de leve. Cabeça de Nêgo. Eu seguro tua mão o mais forte que posso. Dou-te mais uma vez esse amor. Eu cantei bem alto no carro. Eu te amo. Eu viajei de Fusquinha. Farofa no sanduíche é dos deuses. Eu esqueço os outros. Grama verdinha, escuta o vento. Eu vou espocar de felicidade. Hoje foi muito bom te ter por perto. Eu cortei o dedo com papel. Isa está ou não está? Eu vi o sol se pôr, deu pra sentir o calor da luz laranja. Jamais esqueça que te amo mais que o tamanho de todos os universos e tudo o mais. Eu chorei com tuas cartas. Leve-me "apenas para andar por aí". Eu trouxe cerveja. Mesmo do mais. Eu fiz desejo para a estrela cadente. Nisso tudo eu só sei que sou feliz contigo. Eutocosono. O sol deixa teus olhos lindos, lindos. Eu te escrevi um poema. Pequenina, dá cá teu sorriso mais uma vez. Eu descobri tua casa. Quero dar-te aquelas coleções de filmes de 70. Eu dividi um café. Rir contigo é o que de mais fácil existe. Eu devia terminar de escrever ao menos um livro. Saudade desceu do carro junto comigo. Eu tenho medo de altura ou medo de cair. Te extraño, cariño. Eu vou pescar. Universo < que meu (L) por ti. Eu viajei muito. Vai dar tudo certo. Eu perdi o fio da meada. X-bacon grátis. Eu realmente vou espocar de felicidade. Zumbis matinais bebericando café. Embrace my heart and stay.

09 dezembro 2011

"Meu Amor é Teu"

- Dói tanto, Lu.

A tinta da parede estava descascando. Eu já sentia tua falta e inveja de Minas Gerais. A conta de luz com 2 meses de atraso, o gato improvisado. Ouvir teu riso é tão bom. Estávamos atrasadas para a universidade. "me dá amor". Droga, outra multa por estacionar em lugar errado. Teu abraço é cheio de amor. Tá muito quente esses últimos dias. Últimos dias...

- Eu nunca vou saber a medida da tua dor. Mas posso dizer-te que se há a dúvida nesse amor, escolhe pois o melhor. O próprio amor por ela. Sofre a saudade, xinga a distância. Mas nunca tente competir em quem sofre mais. Todos sofrem, mas cada um a seu modo. Não cobre a ausência dela, cobre beijos e carinhos. E respire sempre fundo. A gente sempre esquece de respirar, porque a única coisa que importa no momento é sentir quem amamos por perto.

Cinco litrões e três caixinhas, felicidade líquida. "Me dá amor". O Governo não muda. Te fiz um poema. O Sócrates faleceu, meu Corinthians Penta Campeão Brasileiro e goleada do teu Cruzeiro em cima dos Galinhos. "É uma saudade que rasga de norte-nordeste. E a minha sempre vai ser maior. Sempre". Tem promoção de livros naquele site.

- Eu sei que dói muito. Mas isso é sinal de que a gente sente, que ama de verdade. Não pensa que vai ser pouco tempo perto dela. Esquece o tempo. Falta tão pouco. Teu coração ta que é um sufoco. Alivia ele lembrando de tudo que vocês já viveram, das conversas... Talvez o que eu fale seja o errado. Mas nunca vou aconselhar a desistir do amor. Nunca vou deixar o amor esquecido. Mas ele me esquece.

Amigo oculto do trabalho foi chato. Não sei o que te dar de aniversário. Esqueci teu livro de novo. O vento passa por meus alargadores e produz música. "me dá amor". O xarope de tosse é horrível.

- O silêncio machuca mais que qualquer coisa, eu bem sei. Mas pense: durante o silêncio, a culpa é apenas da nossa cabeça, que não para de hipotetisar um minuto. Procuramos sempre justificar tudo. É automático. Então alivia essa cabeça, deixa o orgulho um pouco de lado e pede notícias. Se ja fez isso e não teve resposta, aguarda. Há tanta coisa pra se fazer no dia a dia...

Muita promoção pra viajar, só falta o dinheiro. Prova final numa sexta-feira à noite. Cantar bem alto no carro. Extremos da cidade. Tu vai me escrever la de Minas, não vai? Sou mais velha que tu. A cerveja ta quente. Nunca mais deixo você escolher bebidas exóticas. "me dá amor". Eu dou, eu dou. Deixa eu te proteger aqui, bem aqui detrás dos meus cachinhos.

- Falei demais que até me perdi...
- Ah... Lu, seu tagarelamento é mais gostoso que cafuné, sua boba.

23 novembro 2011

...Das Lágrimas


Hoje te vi chorar.
Não foi a primeira vez, nem segunda. Mas hoje tuas lágrimas falavam mais que tua boca. Normalmente teus olhos falam mais que a boca. E te ver ali, largada no banco, pendurando-se num fio de certeza que de tão fino só não partia-se em dois porque tu ainda respirava e por outros motivos que só tu podes dizer.
Tua angústia berrava pelos poros da tua pele, misturava-se ao suor e a poeira da estrada que repousava sobre ti. O sol firme no céu e eu desejando que tu ficasse firme também. Não tinha vento e o não ter vento me fazia ouvir os teus batimentos cardíacos lentos, indesejosos dessa vida que te obriga a planejar mundos e fundos até para teus netos que ainda nem existem. Teus ombros caídos, o peso do certo e errado sobre eles. O certo e o errado nas tuas costas, longe do alcance dos teus olhos, impossibilitando-te de escolher um dos dois.
E eu ali, do lado, calada a mordiscar uma maçã sem gosto algum, sem fome alguma. Era meu pretexto por não saber o que falar. Por saber que estava no mesmo barco, no mesmo carro, no mesmo avião, na mesma garupa, no mesmo chão... E ainda assim não saber o que falar.
Joguei metade da maçã fora.
Avancei sobre ti e comecei a arrancar tuas angústias, elas esperneavam na minha mão. Joguei-as no chão e o sol encarregou-se de queimá-las. Então teus batimentos voltaram a pulsar uma melodia linda, começou a ventar e de ti emanava uma bela canção...
Pisquei.
Estavámos bebericando café.
Pisquei.
Você estava flutuando em uma piscina. Tive curiosidade em saber qual era a sensação.
Pisquei.
As angústias esperneavam no chão.
Pisquei.
O vento passava por ti fazendo música como numa flauta doce.
Pisquei.
Estava no chão. Respirando fraquinho. Pensando tanto que parecia estar em transe.
Pisquei.
Desejei realmente poder livrar-te de tudo que te faz chorar. Logo eu, que não chego a ser nada, desejei.




P.s.: pra mim. Do meu Oskar.

19 novembro 2011

Para o Elcio



Janeiro.
Eu não fazia a mínima idéia de como seria minha vida. E aí, reencontro o Éden e conheço você. Aquele sol quente, a praça do Obelisco, as árvores, o vento... Nunca vou esquecer desse dia. Nunca.
E a vida foi seguindo. A gente foi se encontrando. Você foi me cativando.
É impossível não gostar de ti. É impossível ficar perto de ti e não ter vontade de abraçar, de morder, de beijar e dizer que és tão lindo!
E teu abraço, teu ronrronar(?) de gato... Quero todos os dias! E todos os dias o teu sorriso eu quero ver! E todos os dias encontrar as tuas soluções hilárias para os nossos problemas diários.
E todos os dias, e todos os dias, e todos os dias...
Todos os dias lembrar que tenho um pedacinho teu comigo, todos os dias lembrar que deixei um tico de mim contigo, e todos os dias sorrir que tenho o menino mais lindo do mundo como amigo.
Pois tu não sabes a felicidade que sempre sinto quando te vejo.
E eu fico aqui, feito uma boba tentando dizer que te amo com zilhões de palavras e que te desejo sempre o melhor todos os dias.
Bom, minha vida ainda não tem rumo certo. Mas uma coisa eu sei: quero tu comigo sempre por perto.
Feliz parabéns , Elcio.
Amo você. A Nathy também.

27 outubro 2011

Vamos beber Drummond?

Por Agda Santos e Edgar Borges


A plataforma baixa da Orla Taumanan será palco da celebração em Boa Vista dos 109 anos de nascimento do poeta, cronista, contista e tradutor Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores nomes da literatura brasileira. O sarau comemorativo começa às 17h30 do próximo domingo, 30 de outubro, e está sendo organizado pelo Coletivo Arteliteratura Caimbé.

As pessoas podem participar apenas ouvindo, mas o ideal é que cada uma leve um livro ou poema de Drummond e leia um pouco para os demais presentes, compartilhando o que mais gosta da obra do escritor. Nos intervalos das leituras será feita a audição de textos do poeta que foram gravados por atores.
“Nossa intenção é de que cada um declame seu texto preferido de Drummond e celebre o nascimento dele, que ocorreu no dia 31 de outubro de 1902, em Itabira, Minas Gerais. Portanto, traga seus poemas preferidos, sua bebida gelada, seus amigos, parentes e o que mais desejar e vamos festejar”, convida a contista Ágda Santos, uma das organizadoras do evento em parceria com Edgar Borges, integrante do Coletivo Arteliteratura Caimbé.

Em várias cidades brasileiras haverá atividades comemorando o “Dia D` Drummond”, marcado para segunda. A antecipação em Boa Vista atende às particularidades da cidade, explica Edgar: “é mais fácil as pessoas deixarem a sua casa um domingo à tarde para uma confraternização com outros leitores do poeta que esperar que façam isso na segunda, dia de trabalho, estudo e outros afazeres.”
“Vi que muitas cidades iam comemorar o nascimento de Drummond e nasceu daí a vontade de realizar algo também aqui, já que conheço muita gente que gosta dele. Por isso fiz a proposta de parceria ao Coletivo Caimbé, que topou organizar o sarau”, conta Ágda, que escreve contos, poemas e crônicas no blog http://www.papeldesemica.blogspot.com/.
“Algumas pessoas já falaram que vão levar vinho para brindar o Dia D. Essa é a intenção: beber, literal e metaforicamente, Drummond, autor de poemas que estão no imaginário coletivo, como o mais que conhecido ‘José’”, afirma Edgar. Este é o segundo sarau do Coletivo Caimbé neste mês. Na semana passada, durante a VI Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em Roraima, ajudou a organizar um encontro de cordelistas e declamadores de poesias. As fotos desta e outras atividades estão disponíveis no blog http://www.caimbe.blogspot.com/.


O POETA - Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira MG, em 31 de outubro de 1902. Estudou na cidade natal, em Belo Horizonte e em Nova Friburgo (RJ). Começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, em BH, onde conheceu adeptos do movimento modernista mineiro.
Formou-se em farmácia na cidade de Ouro Preto em 1925. Ingressou no serviço público e, em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi chefe de gabinete de Gustavo Capanema, ministro da Educação, até 1945. Trabalhou também no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e se aposentou em 1962.

Entre outras obras, publicou Alguma poesia (1930), Brejo das almas (1934), Sentimento do mundo (1940), José (1942) e A rosa do povo (1945). Morreu no Rio de Janeiro RJ, em 17 de agosto de 1987, poucos dias após a morte de sua filha única, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade.


Mais informações sobre o sarau:
Ágda Santos (9133 6814 ) ou Edgar Borges (9111 4001)

26 outubro 2011

É tanta


Viu as fotos? As notícias? O ditador morto? O festival em São Paulo?
E o que esteve nos trending topics? A manchete do jornal? O álbum novo daquela cantora nova?
Não vi. Não li. Aonde? Nem quero.
Desatualizada. Desinformada. Como não? Aonde estava? Perdeu, foi ótimo.

É tanta informação, gente, novidade que...

Que nada.
Desligamos tudo, tiramos os tênis, corremos pela grama, abraçamos árvores, quebramos copos, batemos boca, fomos ao parque, discutimos Caetano.
A dor, o vazio, a rotina, a neura. Nada é o mesmo.
A sensibilidade é tamanha que há lágrimas nos olhos por esses momentos bonitos.
São dias e noites de sol, independentemente do astro que leva esse nome e fica acima de nossas cabeças queimar e emanar seu calor nesse dias e noites. Independentemente dele, serão quentes esses momentos. Porque calor é interno.
E nós temos uns aos outros.

Sobram notícias, sobram links, sobram manchetes, sobram músicas novas e afins porque há vida.
Só não sobra tempo.

"Quando é que a gente começou a ser tão feliz?"


24 outubro 2011

Guarda vida napo

A vida cabe num guardanapo.
E sobra,
E derrama,
E preenche tudo de novo.
Um ciclo vicioso.

A vida não cabe
Não há guardanapo

Copo garrafa vida.

A vida não te cabe e nem a mim.
A vida é só isso e fim.

A vida, embora não caiba no guardanapo
E resta na mesa de bar

Cabe agora neste nós.


Morri aqui na confusão
De saber se está para mim

Nesta história

Os sóbrios ou ébrios

Queridos copos gélidos ou não


Pois que seja do napo

Do pouco guardo

Do trapo

Que para nós fique esta

A pouca história ou não


Por eu, J. , A. e B. Ledo

10 outubro 2011

Nosso Café

Aos 20 anos...

- Oi, quer café?
- Aceito.
- Mal dormi essa noite. Monte de pesadelo.
- E eu foi uma guerra pr'acordar.
- Tem aula hoje?
- Rapaz, tá rolando lá.
- Café feito naquela velha meia furada...
- Nem fala.
- Já foi.
- E tu vai beber?
- É café.
- A gente devia ter bebido primeiro o café, depois comido o salgado.
- Agora já foi.
- É, já foi.

Aos 30 anos...

- Quer café? Vou passar em frente ao seu trabalho.
- Traz bem forte. Segunda-feira precisa de pelo menos 5 litros de café.
- Tenho conhaque na bolsa, quer?
- Errrrrrrr... Não! Tá louca?
- Eu tava brincando. Não posso beber no trabalho.
- Seeei...
- Bem forte, né?
- Isso!
- Tudo bem, em cinco minutos tou chegando aí.
- Hey! Calma! Aquele lance do conhaque era brincadeira mesmo?

Aos 40 anos...

- A ligação tá horrível.
- É porque tá chovendo.
- Cê tá aonde agora?
- Numa província da Tailândia, perto de Camboja. Lindo, lindo, lindo demais.
- Imagino que sim. Vi algumas fotos suas numa exposição em Madri semana passada.
- Sim, sim. Não tinha como te avisar da exposição. Mas que bom que a encontrastes! O que achou?
- Maravilhosas, claro! Fiquei gabando-me por ser tua amiga.
- HAHA, imaginei. E tu? Tá aonde agora?
- Ainda em Madri, mas parto amanhã de volta a Barcelona. Fui convidada pra dar umas palestras sobre meu livro. Aliás, você recebeu a cópia que te enviei quando você tava no Nepal?
- Recebi sim! E já o devorei, mas escrevi todos os meus comentários pra entregar-te pessoalmente.
- E quando tu voltas pro Brasil?
- Daqui a três dias. E tu?
- Perfeito. Voltaremos então daqui a três dias.
- Pronto! Nem te digo que comprei o café dos deuses da Tailândia.

Aos 50 anos...

Eu não faço a mínima ideia de como elas estarão aos 50 anos. Não sei o que estarão fazendo, com quem estarão, se terão filhos...
Eu só sei que elas irão continuar dividindo café de algum modo.

02 outubro 2011

Sangue nos olhos


"Não sei onde pus as chaves da porta da frente."
"Será se estão no carro?"
"Já sei! Na bolsa!"
"Não, não estão."
O poster do seu filme favorito despregou da parede. As roupas que você joga em cima da cama são dobradas dia-sim-dia-não por uma estranha a quem você confia o seu lar pra que ela o organize pra você.
Num canto do teu quarto a parede é amarelada por causa do suor de todas as costas que se encostaram ali e ficaram por horas vendo a vida passar na frente do computador. E só acumula. O suor. O amarelo.
"Depois eu pinto a parede."
"Depois eu colo o poster."
"Depois eu procuro as chaves."
E metade de tudo em volta de ti fica pra depois. E teu depois é data que nunca chega.
O que chega são as teias de aranha sob teu poster.
O que chega é uma parede ainda mais amarelada.
O que chega é a cegueira nos olhos do teu cachorro, já velho, no qual você alimenta todos os dias mas não repara. Levar comida e água é tão automático que os olhos dele poderiam estar cheios de sangue que você não notaria a menos que jorrasse, o sangue.
E um dia jorrou.
Jorrou o sangue, as teias, o amarelo. E junto deles, culpa.
Culpa do teu depois ser uma data indeterminada. Você passa mais tempo listando as coisas que tem pra fazer do que fazendo e o tempo passa. E então você resolve agir quando já é tarde demais.
Tarde demais porque a parede já mofou, o poster se deteriorou, as chaves já não existem mais e o sangue nos olhos do teu cachorro escorreu mais do que devia. E deu lugar a um par de olhos opacos, brancos de cegueira. Um cão sem olhos.
Só o que ficou com o depois foram lágrimas e culpa pela negligência.
Ambas suas.

29 setembro 2011

Embrace my heart and stay



- NÃO, EU NÃO TENHO QUE ACEITAR NADA!
- Calma, Letícia. Não grita comigo, por favor.

Parecia até que as nuvens, clima, deuses ou quem quer que seja responsável por fazer chover, parecia até que sabia, que sentia, que via todo o desentendimento daquelas duas almas. Chovia tanto que o céu era uma grande massa negra e uniforme.

- Desculpa. Eu... Tu sabes que não era minha intenção..
- Tudo bem. Eu se...
- Porque tu tens que ir mesmo?
- Lê, a gente já falou disso tanta e tantas vezes.
- Eu amo você, Ed.
- Eu amo você também, Lê. Bem, bem muito.
- Então pra que diabos tu vais me deixar aqui? Porque? Como assim tu...
- Uma vez um amigo meu me perguntou se abandonar tudo era um ato de coragem ou covardia. Na época, eu não soube responder. Mas eu tenho a resposta dele, hoje. Pra mim, se tu vais atrás do que tu queres, se é o que, nem que seja só na tua cabeça e tu estejas completamente errado, e só se foda, só se arrependa, mas se for o que tu sentes que é o certo a fazer, sentes que chegou a hora.. se for assim, é uma coragem gigantesca. Uma coragem que poucos tem. Porque tuas coisas, livros, dvds, roupas, isso aí você dá um jeito de levar. Mas a parte que r e a l m e n t e importa, as pessoas, essas vão ficar. E é isso que dói.
- Eu..
- Tu mesma tiveste o teu tempo. Deixou tudo, foi embora, tu, um lenço, um documento..
- Haha, engraçadinho. --' É diferente...
- A motivação é a mesma que a minha.
- E o resto? E todo mundo? E eu?
- Os amigos, eu digo AMIGOS, vão estar quando eu voltar. Você também, eu sei.
- Eu vou.
- Fica, vive e faz o que tu tiver vontade. É isso que eu vou estar fazendo.
- E em seis meses você volta...?
- Em seis meses eu volto.
- Nossos caminhos estão se separando, Ed.
- Estão, por hora. O que tu ainda não percebes é que o meu, apenas alguns quilômetros depois, faz uma curva brusca. E encontra o teu.


12 setembro 2011

Curvas e até Ladeiras

E a gente ia, seguia sempre olhando as estrelas, sentindo o vento bater de leve no rosto, ouvindo os acordes do violão que já iam longe, tentando segurar com a ponta dos dedos a memória dos risos...
Dançando com o vento. Era assim. Dançando com o vento.
E indo, sempre indo. E tentando, sempre tentando de algum modo, levar todo mundo com a gente pra onde íamos. O meu todo mundo, o seu todo mundo, uma mistura de mundos que se complementavam não perfeitamente, mas do modo que convinha, todos dentro de uma conchinha feita por nossas mãos. Protegidos talvez de nós mesmos, de nosso amor, de nossos medos. Mas protegidos.
E se olhassemos pra cima, haveria tantas conchinhas nos englobando, tantas, tantas que quase não haveria céu pra apreciar. Mas eles sabem, o amor diz pra eles que o céu gosta da gente. Sim, ele gosta. A gente também.
"O nosso andar vai junto, porque os meus pés são os seus e os seus estão nos meus pés."
E sem exigir nada, sem exigir tudo... A gente vai indo.
Pra'qui, pra'colar o amor em tudo que é lugar. Pra mostrar que hora não existe, só o vento. E a gente vai indo, olhando as últimas estrelas que saem antes do nascer do sol. Iguais a gente na rua, o som, o vento, nossos pés, por curvas e até ladeiras. Subindo, descendo, pulando, rindo. Indo. Sem se preocupar com a hora, com o que há de se fazer depois. Indo, rindo, indo, subindo até o céu da boca. E indo, numa algazarra sem medida, por vezes acompanhada de preguiça. E indo. Rindo junto.
E levando todo mundo numa música, numa blusa, num beijo na bochecha, Pra'qui, pra'colar o amor em tudo que é lugar.

06 setembro 2011

Wake Me Up When AGOSTO Ends

Pense num mês em que cada segundo durava uma semana, que quando um copo ia cair no chão, levava 15 dias pra atingir o percurso e se espatifar, que o almoço de domingo legou 8 domingos pra ficar pronto, que a água pro chá colocada no fogo às 8hrs, só foi ferver às 22hrs...

Setembro começou hoje e a felicidade veio banhada de café.

*Foto de Daniel Lira*

26 agosto 2011

Entre Estrelas e Vagalumes

A nossa impotência diante de certos problemas, a nossa cegueira na escuridão que nos faz buscar soluções prontas, criadas para agasalhar nossa esperança de que há um caminho com setas e hospedagens. Mas não há caminho. Porque na verdade nós o criamos a cada segundo que passa.
Cada indivíduo deve arriscar a caminhada no escuro, tropeçar, bater a cara no muro, se sujar na lama, ralar os joelhos, criar calos, sentir medo e também desfrutar os momentos de confiança, respirar a consciência aventureira da criança que tenta dar os primeiros passos, desgarrando-se dos braços firmes dos pais.
De que adianta imaginar como seria. A realidade nunca é como imaginamos. Cada um deve fazer a sua caminhada, única e singular. Criar seu caminho através das pedras e das flores. Das poças e chuvas à grama e sol.
Encontrar em si as soluções. As respostas estão dentro de nós. Nossas próprias decisões são as respostas. O silêncio, o diálogo consigo e o ato de interpelar-se, auscultar-se, interrogar-se, são os motores para essa descoberta. E é o que menos se faz hoje. O medo de ouvir-se e perceber que a própria voz pode ser contrária com as do que nos cercam. Esse medo natural, avisando que ficar seguro é o melhor a ser feito.
Mas como se saberá o que se é melhor? Bons exemplos devem ser seguidos e cada um sabe o que é melhor pra si. Agora o momento em que se descobre o que é melhor pra si, é quando olhamos pra trás. Esse é o momento em que vemos o caminho que trilhamos e analisamos os tropeços e acertos para poder continuar caminhando.
Por isso não existe o "nunca olhar pra trás". Há de sempre se olhar para trás para poder não andar em círculos. Fórmulas prontas são feitas para curas superficiais. A verdadeira resolução está na descoberta individual do seu próprio remédio. E esse só aparece quando paramos o tempo e simplesmente nos ouvirmos.
Alguns amigos são como estrelas ou vagalumes. Às vezes os sentimos longe. Às vezes estão bem perto. Alguns brilham tanto que basta a sua presença para iluminar toda a nossa caminhada. Outros aparecem de quando em vez, despontam numa luzinha singela e nos mostram um ponto de chegada. Ambos surgem para ajudar-nos a enxergar o que ainda não podemos ver. Entretanto, nem estrelas nem vagalumes são capazes de mudar alguma coisa ou de construir um caminho.

21 agosto 2011

It's a long way

clê,
desculpa a demora pra te responder.
quando tu viajastes, centenas de grossas correntes entrelaçaram meu peito.
todo dia, todo santo dia, elas me apertam mais um pouquinho.
só que eu descobri uma coisa: quando a música no meu carro tá muito alta, é como se as ondas sonoras me libertassem desse nó.
eu canto desesperadamente, coloco o braço pra fora do carro, e canto bem, bem alto, pra ver se tu consegue me ouvir aí, em minas.
mas eu nem sempre estou no carro, faculdade dirijo casa dirijo trabalho dirijo casa. são pequenas injeções de momentos em que eu não me dôo com essa saudade imensa de ti.
a cidade continua quente e cheia de buracos. a diferença é que agora eu escolho as ruas que tenham mais buracos, assim eu dirijo mais devagar e fico alguns minutos a mais sem essa dor no peito. deu pra entender?
parei de adiar tudo pras férias, te contei? aquele livro a pintura do quarto a faxina do guarda-roupa a tatuagem o esmalte vermelho as caminhadas o chororô o cigarro a ioga. tudo. tô fazendo tudo.
enfiei na cabeça que o tempo que eu tenho é esse e pronto. listei tudo, pra não esquecer do que quero fazer mas não sigo necessariamente ordem alguma, da lista. é só pra não esquecer mesmo. pena que você não tá aqui pra ir tomar banho de rio comigo, em plena quarta-feira.
desenterrei uns cd's e tenho ouvido muita coisa antiga. tô te enviando um cd com essas músicas, você pre-ci-sa ouvir transa, do caetano veloso. "woke up this morning/ singing an old, old beatles song/ we're not that strong, my lord/ you know we ain't that strong" ou até "i'm alive and vivo muito vivo, vivo, vivo/ feel the sound of music banging in my belly/ know that one day i must die/ i'm alive". Lindo.
não vou me prolongar. preciso ir, hoje fico até as 20h no trabalho. a parte boa é que eu tenho uma rua bem esburacada pela minha frente.
p.s.: eu sei que você odeia quando as pessoas esquecem das letras maiúsculas. por isso, me policiei pra escrever sem nem uma, pra ver se você fica bem agoniada e volta logo pra casa. repare que esqueci muitas vezes e tive que usar corretivo. desculpe por isso também.
amor,
lis.



09 agosto 2011

Dia 21

Estavámos os dois sentados na varanda dos fundos. Fazia tempo que não tínhamos um tempo pra nós, e ali revolvemos ficar lendo aquele livro de contos, escolhido na sorte de olhos vendados no sebo recém descoberto perto de casa. Ele continuou lendo, mas minha mente ainda trabalhava neste trecho:

"É que cansei. Fartei-me. Vinte. Mais de vinte anos a dividir, viver, absorver desabafos, e a conviver e sobreviver... com desabafos. Teus desabafos. Tenho sido companheiro, amigo, irmão, padre, amante, analista, confidente. Um tudo de pouco. E de muito também. Logicamente levando em conta minhas limitações. Não rias, estou falando sério. No ínicio havia o prazer do desconhecido, a atração pela intimidade não revelada. Eras um tonel de segredos inebriantes. Embriagava-me a desvendar os túneis da tua mente. Os labirintos. Aonde iam dar."*

Alguns diriam que era uma mensagem subliminar dele pra mim, que o livro não fora escolhido ao acaso, que ele espiara pelas brechas de meus dedos e escolhera este livro de contos para mostrar-me como se sentia. Mas eu sabia que ele não era assim. Subliminar não era com ele.
Olhei para os lados, encostei minha cabeça em seu ombro. Ele lia e eu continuava a repetir este trecho em minha cabeça. Fazia sentido. Eu poderia dizer que ele voltara ao passado só pra escrever aquele livro para que neste momento, sentados na varanda, ele me mostrasse o quão cansado estava de apenas doar-se pra mim, de ser tudo pra mim, de apenas ser consumido e nunca preenchido.
Meus olhos encheram-se de lágrimas ao perceber que era assim que estavámos. Que era por minhas faltas e ausências que estavámos tão longe um do outro. Que era por meu egoísmo e medo de estar só, e o medo de estar junto também. Mas por tanto tempo ele estava ali, ao meu lado. Cansado, mas continuava ao meu lado. Carinhoso sempre. Risonho sempre.
Ele continuava a ler sem perceber que eu chorava em silêncio no seu ombro. Ou talvez percebe-se e estava apenas respeitando meu tempo de reflexão. Era assim desde o começo, sempre sabia o que fazer e o que não fazer a respeito de mim. Conhecia-me melhor do que eu mesma.
E ali, encostada em seu ombro lembrei de uma frase do Caio Fernando Abreu: “Deitada no ombro dele, ela via seu rosto muito próximo. Esse era o sonho, nada mais”.
E percebendo meu silêncio, ele me olhou, colocou o livro do lado e segurou minhas mãos. Esperaria o tempo que fosse, mas não perguntaria o motivo de meu choro. Apenas esperaria eu falar. E o que eu falaria?
Abracei-o forte, senti seu cheiro. Muitas coisas passaram por minha cabeça, muitos erros que cometi, minhas ausências... Talvez, reconhecer aquilo tudo já era um passo. E era apenas dele que eu precisava. Esqueceria o limite do tempo, do espaço, meus medos e egoísmo. Era apenas dele que eu precisava e nada mais.


*Dia 21, pág 43 - O Clube dos Feios e outras Histórias Extraordinárias - Carlos Trigueiro.


03 agosto 2011

Come together


Com os olhos fechados, a única coisa da qual ela tinha certeza era do calor das mãos dele sobre as dela.

Abre os olhos. Luzes amarelas emanando dos postes. Uma brisa que lhe causava um calafrio constante. Um emaranhado de vozes desconexas. E um tapele estrelado acima do grupo de amigos.

Cada um deles refletindo sobre um assunto diferente e, mesmo assim, se entendiam.
Fosse o assunto fim do mundo, teoria das cordas ou o novo CD da Adele, os dois não estariam prestando atenção, de qualquer maneira.

A verdade é que a cerveja já tinha acabado, o sono havia chegado, a brisa fria começava a incomodar, os amigos já não falavam coisa-com-coisa e a hora de voltar pra casa há horas vencida, nada ou tudo isso não importava.

Só o calor das mãos.

01 agosto 2011

Um ano de Julho


- Alô?
- Anna.
- Sempre me surpreendo quando você reconhece minha voz assim, de primeira.
- Que saudade...
- Júlia?
- Oi.
- Tô indo pra casa.
- Como assim?
- Não tô conseguindo segurar as pontas. Não dá mais. Tentei de tudo, juro. Álcool, drogas, filme, anestesia, caridade, piada, viagem...
- Não entendi.
- Eu tô indo.
- Você vem pra cá?
- Sim.
- E teu menino?
- Terminei.
- E teus pais?
- Ficarão.
- Teus cães?
- Também.
- Teus amigos?
- Eles não aguentam mais me ouvir falar de ti.
- Então você vem?
- Vou. Tá preocupada com a reação das pessoas?
- Um pouco.
- Quanto?
- Só um pouco. Mas, a verdade é que se eu for ligar pro que as pessoas pensam eu não faria a metade das coisas que gosto. Só quero viver minha vida em paz.
- É o que eu quero.
- Não acredito que você vai deixar tudo e vir. Minhas pernas estão tremendo..
- A vida longe de quem a gente ama não parece vida. Não tem sentido. Não há ânimo em lugar algum..
- E tudo remete aqueles poucos dias, ano passado.
- Isso mesmo.
- Então você vem?
- Sim.
- Quando?
- Janeiro.
- Até quando?
- Pra sempre.

25 julho 2011

Ai de Mim

"Ai de mim, que vivo sem ter ninguém.

Porque a demora se agora

um homem me cai tão bem,

não vejo nenhum porque,

não sou exigente,

mas há requisitos por preencher.

Não quero um Zé qualquer."


Ai de Mim dos Comparsas da Vivenda

Tem dias que meu grau socialização é tão grande que chego a falar com qualquer pessoa da rua e me torno amiga de infância. E isso é sério e sem exagero. E em um desses dias, estava esperando meu ônibus pra voltar pra casa quando certo senhor sentou a meu lado comendo uma maçã. Ofereceu-me um pedaço, eu recusei e agradeci. Ele brincou dizendo que não era a bruxa disfarçada da Branca de Neve e com isso ganhou minha confiança. Gargalhamos muito.

Depois de conhecer a história dele: “Curitibano, 86 anos, militar aposentado, 2 filhos, 5 netos, duas esposas, e uma horta em casa que ele mesmo cuidava”, era a minha vez. Fui soltando pedaços aqui e ali. Ouvir sempre foi minha especialidade em termos de amizade.

Passados uns minutos, ele solta: “Tem homem nessa história. Desembucha que é melhor”.

Ele estava certo, claro. Tem um homem nessa história. E tem uma mulher que tem medo de firmar algum compromisso.

Engraçado. Quem fugia antes eram os homens. 'Taí, vim pra mudar a história. Pois eu estou em fuga. Em fuga em certos momentos. Em outros percorro o caminho de volta. Por vezes, arrependo-me no meio do caminho e a fuga continua.

Gosto do indefinido. Ele não cobra nada e também não é constante. Por que ter que definir? Declarar ao mundo um status? Colocar um anel no dedo?

Dizem que tudo isso funciona como prova de confiança, de amor. Mas veja bem, pra mim não passa de prova de desconfiança.

Pra facilitar tudo, porque não apenas viver? Indo, sabe?

Não consigo me prender. Deve ser trauma. Deve ser a idade. Velha demais? Nova demais?

Não sei dizer. Não sei o que quero. Só sei que não quero ficar só.

19 julho 2011

Tresloucada

E se o tempo que eu tiver for só esse aqui? O agora, o hoje? Isso não tornaria meus desejos imediatos os prioritários?
Meu status atual é: topo o que meu espírito quiser.
E eu te digo logo, ele está porraloca, o meu espírito. Parecendo até um personagem de Angeli.
Não aceita que eu volte pra casa antes que amanheça o dia e muito menos qualquer tipo de preocupação.
Me proíbe de fazer listas, programações ou planejamentos.
De doze em doze horas, injeta em minhas veias uma vontade incontrolável de pegar a estrada, pular os muros, saltar dos galhos.
E se meu espírito sou eu, então é isso o que eu quero.
Subir a serra, saltar de para-quedas, dormir bêbada, acordar bêbada, não me sentir sozinha, comer demais, não dormir, dormir demais.
Agarrar ainda mais os cobertores com a chuva fina da manhã e me embebedar com o calor do sol pela tarde. Enrugar os dedos por ficar tempo demais submersa e depois sair pra refrescar a garganta seca com esses líquidos borbulhantes das garrafas verdes.
Tudo. Eu quero t-u-d-o.

Que venham os dias quentes, as noites frias, pessoas esquisitas em festas estranhas, abraços, amassos e tudo o que tiver de vir.
Eu topo.


Um, dois, três e... .

08 julho 2011

"É pr'amanhã"

Desde pequena sempre me perguntei sobre várias coisas. Por exemplo: Por que criamos o tempo?
Algumas pessoas me respondiam que era pra sermos mais organizados. Outras me responderam que não criamos o tempo, é ele que nos cria.
As duas tem certa razão. Mas não sou nada organizada tendo o tempo ao meu lado ou não.
Fica esse maldito desejo de liberdade querendo se fazer dono de mim, tirando-me do sério, da linha, dos trilhos, das horas regulares de sono, do horário certo de comer, desrespeitando prazos, ignorando os descontos que virão no meu salário por não ser assídua...
E acredito ser isso que me dá a sensação de correria, afobação, quase um pire-paque no coração.
Ledo engano, era tudo culpa da procrastinação. Essa danada que eu abraço todos os dias mesmo sem perceber e que à noitinha sempre paga uma cervejinha pra nós no bar da esquina.
Hoje de manhã perguntaram-me como consigo viver assim: sempre deixando pra cima da hora, por vezes não conseguindo, outras por pura sorte. E simplesmente respondi que é assim que sou feliz. Mesmo quando a pilha de deveres parece ser mais alta do que eu.
Sem prazos, sem horários, sem qualquer coisa que se torne dona de mim. Afinal, nem eu me pertenço.
Já ouviram a canção do António Variações "É pr'amanhã"? Foi feita para os procrastinadores, sem dúvida! Bah tchê, escutem!


27 junho 2011

El Amor

Não que eu esteja amando. Não, na verdade estou. Mas por determinadas coisas, por determinadas pessoas, já que minha amada parceira de blog declarou livre o Poliamor. Por que não, afinal?
Dias atrás um amigo perguntou se eu gostava de Arnaldo Jabor, falei que sim. Mas fazia tanto tempo que eu não lia nenhuma crônica do Jabor. Senti-me em dívida com aquele amigo. Certa noite, a amiga insônia lembrou do Jabor e lá fui atrás de algo pra ler sobre ele. Eu sabia que tinha algumas coisas em casa. - (Eu devo ter um fã clube de traças por guardar tanto papel velho, mas nunca inúteis) - Catei alguns papéis, joguei outros tantos pelo chão e achei o Jabor entre uns trabalhos de Introdução a Filosofia.
A crônica que li falava que estávamos precisando mais de amor e menos de sexo automático. Na hora não prestei atenção, li outras vezes, mostrei pra vários amigos. Uns concordaram, outros ficaram revoltados com Jabor, outros tantos nem sabiam quem era Arnaldo Jabor.
Pois eu, logo eu, que não tenho um relacionamento sério e estável há quase 3 anos, defendo o Jabor. Mas a meu modo. Sem os moralismos da vida e fazendo coro ao Poliamor.
Eu preciso de amor, sinto-o, vejo-o e respiro-o de vários modos. Em todas as coisas, em todos os lugares, em algumas pessoas. Acredito que tudo varia de como vemos, como agimos e reagimos a tudo.
Jabor está certo. Queremos amor, mãos dadas por aí, risos bobos, "e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós...".
E tudo devido a correria, a educação, ao condicionamento que recebemos há alguns séculos. Então, ultimamente tenho preferido parecer ridícula, brega, sem pensar muito na opinião de quem me cerca e demonstrado meu amor a tudo que amo, que amei, que passei a amar 7 segundos atrás.

Fotos via: Vamos que Podemos

20 junho 2011

Everything in its right place


Domingo às 23hrs, o que tu estavas fazendo?
As anotações na minha agenda cobriam toda a superfície do papel com compromissos acadêmicos e prazos inadiáveis que cobravam minha consciência de não estar cumprindo nenhum dos tópicos que eu anotei há um mês.
E então?
Adiei mais um pouco. Tinha sede da lua, das gotas fracas de chuva, fome de não fazer o que eu deveria estar fazendo, vontade de estar no lugar errado, desejo de ir até onde eu sei que não podia.
Foram muitas as vezes que esse meu nadar contra a corrente me rendeu noites sem dormir, tentando recuperar o tempo que eu gastei ao ficar conversando em um banquinho de praça com minha parceira de blog ou devorando meus Morangos Mofados. Noites angustiantes em que o "preciso terminar preciso terminar preciso terminar preciso" martela até eu me prometer que não, nunca mais vou deixar tudo pra cima da hora. Promessa esta que eu esqueço pela manhã.
É o meu espírito, eu te digo. Quais serão teus argumentos se eu te disser que estou fazendo justamente o que eu quero? Tu desejas o mesmo.
"Tua vida seria mais fácil se cumpristes tudo como deves."
E quem disse que eu quero uma vida mais fácil?
Vem, me dá a mão.

Domingo, 23hrs e nós caminhávamos pelas ruas desertas sem nos importarmos com a hora de voltar pra casa.


11 junho 2011

Triálogo e poliamor


- Sabe de uma coisa? Tem um lance que eu não consigo entender..
- O que?
- Ainda tem vinho aí?
- Porque nós temos que amar uma pessoa só. Eu não posso concordar com isso, sabe? Somos seres tão complexos, desconhecidos, misteriosos no sentido de sermos os inventores de um mundão de teorias, tecnologias..
- Do que vocês tão falan..
- Shiii..
- Eu mesmo, por exemplo. Eu amo uma porção de coisas, ínfimas, bobas, sérias, tanto faz. Amo os tons de azul ao longe, no horizonte, quando faz mais ou menos 6hrs da tarde, lá no meu bairro. Amo minhas fotografias antigas, teu cabelo desgrenhado, aquele brinco de estrelinha, o timbre da tua voz quando você fala meu nome.
- Temos que sair pra comprar mais gelo, já tá no finalzinho.
- Caralho, te aquieta mulher..
- Então, como seres complexos que somos, ainda assim não é aceitável que você possa amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Eu não entendo porque nós temos que canalizar nossos sentimentos e pensamentos pra uma única pessoa. Porque nós não podemos sentir amor como também poliamor...
- Poliamor?
- Mano, vocês estão trêbadas, hein?
- É, poliamor. Sentir, amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo, sem que um anule o outro. Sem que você esteja sendo covarde, injusta, trapaceira. Poliamor como o que eu sinto agora, pelo meu namorado, pelo meu professor da auto-escola e pelo guri que eu vi uma única vez entrando em um ônibus, semana passada.
- Mas isso não é amor...
- E alguém sabe o que diabos é, então? Se eu o sinto, isso automaticamento não o torna verdadeiro?
- Quem?
- O amor. Pelo meu namorado, meu professor de história e..
- Não era o professor da auto-escola?
- É, por ele também. O ponto aqui é que eu sou muitíssimo capaz de amar todas essas pessoas eternamente, até o próximo mês ou deixar de ama-los ainda esta madrugada. Ainda assim isso é amor pra mim. É terno, suave, bonito, acolhedor. É amor pra mim porque, se nada pode ser eterno, o amor não é a exceção da mesa. O amor também tem duração. A gente diz que não, que se acabou é "porque não era amor". Mas eu senti, eu fui feliz, me fez bem!
- Talvez nós digamos isso, sobre não ter sido amor porque acabou, como uma forma de nos consolarmos, sabe? "Ainda tenho chance, ainda tenho jeito. Isso aconteceu porque não foi amor de verdade", como uma desculpa pra não nos deixarmos abater..
- Exatamente... Mas foi amor. Nem que tenha durado os 2 minutos e meio em que você viu o guri barbudo caminhar e entrar no ônibus e que nesses 2 minutos e meio você se imaginou indo ao cinema com ele e teu coração bate forte, e foi bonito. E só.
- É, as pessoas procuram especificar tanto as coisas, mesmo as mais simples. "Cada uma dessas 12 vassouras são diferentes entre si, cada uma serve pra determinado tipo de ambiente.." E o amor é só amor. Por ti, pelos amigos, duradouro, passageiro. Amor é só amor.
- Faz sentido?
- Não, não faz.
- É, não faz.

09 junho 2011

O Estranho


Como eu disse no primeiro post, a Nathy domina quando o assunto é cinema. E sabe? Nos últimos meses ela fez parte da equipe de produção de um curta. Não, eu não sei lhufas sobre ele. Exceto que "está muito bacana", segundo Natascya Melo.




Dia 18 e 19 de Junho, às 19hrs no Cine SESC (Mecejana). E o melhor: Entrada Franca!


Corre negads!

06 junho 2011

Enchente

Pensei de vários modos de como falar sobre esse assunto. Mas não há um modo sensível, ou pelo menos literário de fazer isso.
Aqui no caso, entra mais a área da Nathy, que no caso é fotografia. Mas dessa dupla sertaneja, eu sou a mais vagau, logo, irei postar duas fotos para vocês verem o que tanta chuva está fazendo.

A orla Taumanan antes:



A orla Taumanan hoje de manhã:



A água está acima dos bancos. E essa é a foto menos (hmmmm, digamos) assustadora. Os bairros próximos ao rio Branco estão há duas semanas alagados. A água chega a 40cm em algumas casas. É a maior enchente dos últimos 35 anos.
Hoje, faço o que posso pra ajudar. Seja doando algo, ou abrigando parentes e amigos em casa.
Espero que as pessoas simplesmente não voltem para suas casas sem resolver mudar algo. E que também não esperem pelo governo.

02 junho 2011

Abelha no Café

Qualquer coisa me faz divagar. É algo muito simples. Basta que não tenha ninguém me mandando fazer algo. Por exemplo, posso estar sentada ao seu lado, te ouvindo falar sobre qualquer coisa, mas quando você menos esperar, estarei observando como a luz do sol bate em certa folha daquela planta que está na nossa frente. É simples, é bom. Você devia tentar às vezes.
É bom se desligar.
Você já viu abelhas que gostam de café?
Eu já.
Quase arranjo briga com duas hoje por causa do meu café. Mas não sou de briga, então bebi minha parte do café e deixei um pouco para as duas. Elas enrolaram bastante até ver que o que estava na caneca era pra elas. E ia uma de cada vez. Achei isso magnífico. Se fossem humanas, teria dado briga e o café teria derramado. Achei incrível também elas gostarem de café amargo. Sempre achei que abelhas gostavam de açúcar. Mas "todo penso é torto".
O sol já estava baixinho e elas ainda estavam lá aproveitando o café. Eu tinha que encontrar alguém, mas como não conseguia prestar atenção em mais nada além das abelhas, nem me preocupei. Elas voavam silenciosamente, revezando a vez e ficando cada vez mais ativas. Alegres, vivas.
Eu sei que não é fácil se desligar. Há tantas coisas pra se pensar, pra se fazer, pra planejar... Mas me diga, porque não apenas sentar e olhar? Respirar? Fechar os olhos e sentir os cheiros ao redor?
O que sempre vejo "é cada um por si na sua própria bolha de ar".
Eu sei, sei que é difícil. Acha que sempre fui assim?
Ai, ai... Dói lembrar quando tudo me prendia e nada me pertencia.
As abelhas voando sobre a caneca de café. Esse não é o lugar delas. Deviam estar nas flores, nas frutas. E não em uma caneca de café.
Eu sentada na varanda, com uma caneca de café e um caderno cheio de pensamentos. Esse não é meu lugar. Esse é um dos meus lugares.
É tão fácil, tão simples. Mas eu te vejo complicar tudo. Já te disse, esquece o problema, pensa na solução. Logo, logo ela aparece. E se não tiver? Ora bolas, se não tem solução, então não tem problema a ser resolvido.
Estou falando bonito, não é? Eu sei. Também estou impressionada com essas palavras otimistas. Mas veja bem, eu bebi café, está um clima bom, estou na minha varanda e tem abelhas voando no meu café. Bom, era meu café. Mas não tem problema, elas dão uma cor especial a esse fim de tarde em que passo mais uma vez sem você.

24 maio 2011

The Donnas

sms (ágda): Tive ideia sobre o post de aprensentação.
sms (nathy): Qual? Qual? *-*
sms (ágda): eu falaria de você e você falaria de mim :)
sms (nathy): Atorei :D

Manhã de sol (meu iá-iá, me iô-iô), Nathy vira pra mim e fala: "Vamos montar um blog?"
Sim, ela é assim.
Geralmente eu não defino amigos. Sempre acho que o que quer que eu diga, nunca vai ser capaz de definir o que eles realmente são e significam pra mim.
Mas deixando essas desculpas clichês de lado, falemos de Natascya Melo.
A doce menina da sacola.
Moleca do Brasil, mistério do planeta.
Mano from gueto em alguns dias também.
Cinema, sem dúvida alguma é a arte que sempre associo a ela.
Porque o tempo de tristeza perto dela dura apenas 5 minutos. E a alegria dura um googleplex de horas. Sem contar com os vários transmimento de pensação que temos, os cafés compartilhados e as heineken's divididas. Fora sua incrível habilidade para o cartunismo e fotografia. Sim, ela tem uma câmera analógica azul muito linda, mas conhecida por Diana. Ela vale cem dólares. E uma vida sem ela, seria uma vida com as botas sempre pesadas.


Cabelos cacheados, tênis e uma bolsa que cabe tudo dentro. Tudo e mais um pouquinho: cabe um caderno molhado charmosíssimo, metade do bolo que ela traz de casa pra me alimentar, um bloquinho com pensamentos e desenhos, um reparador de pontas/redutor de volume e um monte, um monte de sentimentos e histórias que ela compartilha comigo todos os dias.
Número 1 no Top 20 de sms no meu humilde celular, Agdala me corrompeu pro mundo dos blogs sem querer.
Um dia sem ela e minha imunidade baixa, nem uma viagem para uma cidade linda me anima o suficiente. Me ensinou que monogamia #fail e que o lance agora é stalkear um guri aí. Ou melhor, era o lance. Cheias de transmimento de pensação, crises de risos intermináveis e fanáticas por café e livros, nós resolvemos DO NADA escrever juntas, ou em um espaço comum, se preferir. O que importa é que agora que estamos juntas e ninguém separa.
E tenho dito.